terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

REFLEXÕES SOBRE O BBB - DOM ORLANDO BRANDES


Respiramos uma atmosfera erótica generalizada. Nada acontece por acaso.
Estes programas têm uma filosofia, uma intenção, um objetivo que é ganhar
dinheiro pela via do erotismo. Sexo, dinheiro e fama são os piores ídolos
da humanidade. Eles nos escravizam. Trata-se de uma 'trinca perigosa'.

Depois que no Brasil, através de manobras políticas, foi liberado o
divórcio instantâneo, a manipulação de células tronco embrionárias, a união
de pessoas do mesmo sexo, a lei da palmada, entramos numa anarquia erótica.
Sem esquecer o 'kit sexo' idealizado pelo ex-ministro da Educação, o
projeto da homofobia, do aborto e aquela jogada nada honesta de liberar o
aborto em nome dos direitos humanos e da saúde publica, como queria o
ex-ministro da Saúde. Virou uma balbúrdia, e até os que defendem as
bandeiras da revolução sexual estão preocupados.

Tudo isso parece modernidade, mas é sintoma da doença da nossa
civilização. O Império Romano não foi derrotado pela espada e canhões, mas
pela decadência moral. Um sábio chinês diz que estamos confundindo um navio
furado, invadido pelas águas e afundando, com uma piscina de banho. Estamos
afundando e fazendo festa, como se o barco furado invadido pelas águas
fosse uma piscina.

Nada temos a aprender da revolução sexual acontecida nos Estados Unidos e
na Europa. São países envelhecidos e necessitados de braços estrangeiros,
de mão de obra barata. Está mais do que comprovado que a revolução sexual
fracassou. Tudo piorou com a pornografia na internet. Nossa cultura
secularizada erotiza precocemente crianças e adolescentes fazendo explodir
a gravidez precoce, a aids e outras doenças. O próprio Freud orientou a
sexualidade humana para a sublimação.

Na ideologia do BBB está sendo passado um culto exagerado do corpo, a
exaltação do instinto e da paixão, o homossexualismo, a inutilidade do
casamento, a degradação da família. Isso tudo sem respeito pelo povo e seus
valores morais. A banalização da sexualidade é um retrocesso destrutivo
porque abre o caminho para a droga, o alcoolismo, o vazio interior, a
exaltação do corpo.


Há escolas onde a educação sexual consiste apenas em saber usar o
preservativo, conhecer a fisiologia corporal e a praticar todo tipo de
erotismo. Em muitos setores da sociedade o permissivismo está incentivando
o contrário, isto é, a volta do moralismo, do tabu, do negativismo sexual.
Não devemos perder a simpatia, o louvor, a gratidão pelo dom da
sexualidade.

Na democracia temos o direito de protestar, contestar, dialogar,
discordar. Em relação ao BBB, continuemos a utilizar a internet. Mudar de
canal é um gesto que tem efeitos muito práticos. Não telefonar para dar o
voto aos concorrentes também é algo eficaz. O protesto popular, a
consciência social, a manifestação do povo e das instituições têm poder. O
que não podemos é continuar reféns da ditadura do relativismo e do
erotismo. BBB é um desacato à nossa cultura.

Não morremos por falta de sexo, morremos por falta de afeto, de carinho,
de consideração. A paixão tem sabor de liberdade, mas é uma corrente que
nos amarra e a carne não basta para saciar nossa fome de amor. O coração é
mais que o corpo. O Brasil não pode ser a pátria do turismo sexual. Nossa
tradição familiar e cristã é um bem para sociedade.

Tantos artistas convertidos já declaram ao mundo inteiro que a 'alegria do
espírito é maior que a volúpia da carne'. O que vale é o amor, os valores,
os limites, a humanização da sexualidade, a fé, a espiritualidade. O amor
livre é uma invenção burguesa que leva à onipotência e onipresença do
prazer desordenado. Torna-se escravidão e desilusão.

A sexualidade é uma energia que nos leva ao encontro com o outro inclusive
com o grande Outro. É uma força de comunhão, de relacionamento, de amizade,
de transcendência. Temos um longo caminho a percorrer na busca do
equilíbrio e da maturidade sexual e afetiva. Quanto mais amor, mais pudor.
A linguagem do amor compõe-se das seguintes declarações: eu sou amável; eu
gosto de você; eu sou capaz de amar; eu amo e por isso escolho; eu decido
amar alguém; eu sou teu para sempre.

Dom Orlando Brandes é Arcebispo de Londrina-PR
Fonte: Diário de Maringá / Blog Dom Anuar
Postado por Dom Luiz Gonzaga Bergonzini





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