sexta-feira, 9 de novembro de 2018
CRISTO, REI DO UNIVERSO
A Igreja encerra a Ano Litúrgico com a festa de Cristo Rei. Essa festa foi instituída pelo Papa Pio XI na época do pós-guerra de 1917, num mundo conturbado com o avanço do nazismo, do fascismo e do comunismo, época em que o povo estava se afastando de Deus, da religião e da fé.
Ele institui essa festa para que todas as coisas culminassem na plenitude em Cristo Senhor, se baseando no texto do Apocalipse 1,8: “Eu sou o Alfa e o ômega, Princípio e Fim de todas as coisas.” Nesta festa somos convidados a participar do Reino de Deus, aderindo à verdade trazida por Jesus, assumindo o compromisso do Evangelho.
A reflexão desse dia passa pelo diálogo de Pilatos com Jesus, onde Pilatos pergunta se Jesus é rei e Jesus responde que seu reino não deste mundo.
Jesus é o Rei que, através de seu pastoreio, nos leva ao Reino de Deus, nos tira das travas do erro e do pecado, nos guia para a plena comunhão com o Pai pelo amor. Ele mesmo diz: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 16,6), com isso Ele nos diz que, para nossa salvação, só existe um caminho, uma verdade e uma vida: O Filho de Deus que se fez homem, cumpriu sua missão, pegou sua cruz, morreu crucificado e ressuscitou no terceiro dia para nos salvar.
O cristão é aquele que vai trabalhar para que Cristo Rei reine no coração de todos, através do serviço gratuito e fraterno, humilde, deixando-se fazer a vontade do Pai. “Trabalhar pelo Reino significa reconhecer e favorecer o dinamismo divino, que está presente na história humana e a transforma. Construir o Reino quer dizer trabalhar para a libertação do mal, sob todas as suas formas. Em resumo, o Reino de Deus é a manifestação e a atuação do seu desígnio de salvação, em toda a sua plenitude” (Dominus Iesus, nº 19).
Sugestão para se trabalhar na catequese:
- Fazer a leitura da passagem Bíblica: Jo 18, 33-37, fazer uma breve Leitura Orante com os catequizandos e catequizandas;
- Dividir a turma em dois grupos: um grupo vai escrever numa cartolina como é o Reino dos homens (para isso relembre com eles como são os reis do mundo, como eles se comportam, como é suas roupas e outros modos de ser deste mundo). O outro grupo vai escrever como é o Reino de Deus (para isso diga para eles se basearem no texto de Jo 18,33-37, também eles podem pesquisar nas seguintes passagens: Mt 5, 1-12 e Mt 25,31-40; ). Peça para eles apresentarem suas anotações para todo o grupão. Depois reflita o que é melhor: Reino de Deus ou dos homens?
- Faça palavras cruzadas, caça-palavras, ilustração, gincana, baseado nos textos bíblicos indicados.
- Terminar o encontro com a oração à Cristo, Rei do universo:
“Ó Cristo Jesus, eu Vos reconheço como Rei do Universo, sois o autor de toda a criação; exercei sobre mim todos os vossos direitos. Renovo as minhas promessas do batismo, renunciando a Satanás, suas pompas e suas obras; e de modo especial comprometo-me a lançar mão de todos os meios ao meu alcance para fazer triunfar os direitos de Deus e de vossa Igreja.
Ó Sagrado Coração de Jesus, eu Vos ofereço minhas pobres ações para que os homens reconheçam a vossa Realeza Sagrada e o Reino de vossa paz se estabeleça por todo o universo. Amém!”
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
TERÇO MISSIONÁRIO
Iniciar com o Sinal da Cruz:
Em nome do Pai;
Em nome do Filho;
E do Espirito Santo.
OFERECIMENTO DO TERÇO
Divino Espírito Santo, iluminai nossas inteligência e nossos corações para que, ao meditarmos os mistérios da nossa redenção, possamos imitar os exemplos de Jesus e Maria anunciando a todos o grande amor de Deus para conosco. Caminhando junto com toda a humanidade, oferecemos nossas orações pela Paz no mundo, pelas pessoas vítimas das injustiças, pela santificação de todas as famílias, por aqueles que anunciam o Evangelho nos cinco continentes, pelas intenções do Papa, pelas nossas comunidades e por todo o povo de Deus para que se torne sempre mais solidário com os povos do mundo inteiro.
Rainha das Missões, fazei que todas as pessoas de boa vontade se deem as mãos, superem os rancores e se tornem construtores de uma sociedade sem fronteiras, justa e solidária, para o nosso milênio.
CREIO
PAI-NOSSO
3 AVE MARIA
GLÓRIA AO PAI
A cada mistério reza-se 1 (um) Pai-Nosso, 10 (dez) Ave-Marias, 1 (um) Glória ao Pai e a oração: Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem.
PRIMEIRO MISTÉRIO
A cor verde lembra as imensas florestas e savanas de África e também a virtude da esperança. Vamos rezar por todos os que vivem no continente africano, em especial, pelo florescimento cristão do povo e pelo ardor dos missionários que aí trabalham.
– Neste mistério, peçamos a Maria, Rainha das Missões, que interceda pela paz, pela liberdade e pelo pão de cada dia de todos os povos da África e por um abundante clero nativo.
SEGUNDO MISTÉRIO
A cor vermelha evoca os povos originários de toda a América e o sangue de inocentes derramado em guerras, lutas de conquista, revoluções e guerrilhas. Vamos rezar por todos os que vivem no continente americano, que é aquele que tem maior número de católicos, mas onde são muitas as injustiças e desigualdades sociais. Em particular, rezemos para que cessem a exploração dos pobres e as guerrilhas fratricidas e aumente ainda mais o amor a Nossa Senhora.
– Neste mistério, peçamos a Maria, Rainha das Missões, que ajude a Igreja a ser defensora dos pobres, lutando com amor pelos mais pequeninos para que tenham justiça social, paz e solidariedade.
TERCEIRO MISTÉRIO
A cor branca evoca os povos originários do continente europeu e a pureza de coração que o cristão visa alcançar. Vamos rezar por todos os que vivem na Europa, donde outrora partiram tantos missionários, mas carece hoje de uma nova evangelização e de vocações apostólicas. Rezemos, em particular, pela reafirmação dos valores cristãos, pelo aumento das vocações consagrados e pelo maior empenho evangélico dos leigos.
– Neste mistério, peçamos a mediação de Maria, Rainha das Missões, para que aumente a fé cristã e o clero dos povos europeus, sobretudo do povo português que sempre dedicou à Mãe do Céu um profundo amor filial.
QUARTO MISTÉRIO
A cor azul lembra os vastos mares da Oceania e a serenidade e paz que emana de Maria. Vamos rezar por todos os que vivem neste continente formado por milhares de ilhas, cuja insularidade dificulta o trabalho missionário, originando que muitas pessoas nunca tenham ouvido falar de Jesus Cristo.
– Neste mistério, peçamos a intercessão de Maria, Rainha das Missões, para que surjam muitos missionários que levem Jesus a todas as ilhas da Oceania, e estas se tornem como contas de um imenso Rosário de fé e amor a Deus.
QUINTO MISTÉRIO
A cor amarela evoca os povos originários do continente asiático e a luz divina do amor do Pai. Vamos rezar por todos os que vivem no continente asiático. É o continente onde Jesus semeou o Evangelho e o seu sangue mas onde Ele é menos conhecido.
– Neste mistério, peçamos a Maria, Rainha das Missões, que interceda para que o sangue de tantos mártires na Ásia se transforme em semente de cristãos e para dar força e alento a todos os que são sinal de Cristo, quer sejam missionários, consagrados ou se preparem para o sacerdócio.
AGRADECIMENTO
Infinitas graças vos damos, Soberana Rainha das Missões, pelos benefícios que todos os dias a família humana recebe de vossas mãos. Dignai-vos, agora e para sempre, colocar-nos sob a vossa maternal e poderosa proteção.
SALVE RAINHA
LADAINHA
Senhor – Tende piedade de nós
Jesus Cristo – Tende piedade de nós
Senhor – Tende piedade de nós
Jesus Cristo – Ouvi-nos
Jesus Cristo – Atendei-nos
Deus, Pai do céu – Tende piedade de nós
Deus, Filho, Redentor do mundo – Tende piedade de nós
Deus, Espírito Santo – Tende piedade de nós
Santíssima Trindade que sois um só Deus – Tende piedade de nós
Santa Maria – Rogai por nós
Santa Mãe de Deus – Rogai por nós
Santa Virgem das Virgens – Rogai por nós
Mãe de Jesus Cristo – Rogai por nós
Mãe da divina graça – Rogai por nós
Mãe puríssima – Rogai por nós
Mãe castíssima – Rogai por nós
Mãe imaculada – Rogai por nós
Mãe intacta – Rogai por nós
Mãe amável – Rogai por nós
Mãe admirável – Rogai por nós
Mãe do bom conselho – Rogai por nós
Mãe do Criador – Rogai por nós
Mãe do Salvador – Rogai por nós
Mãe da Igreja – Rogai por nós
Virgem prudentíssima – Rogai por nós
Virgem venerável – Rogai por nós
Virgem louvável – Rogai por nós
Virgem poderosa – Rogai por nós
Virgem benigna – Rogai por nós
Virgem fiel – Rogai por nós
Espelho da justiça – Rogai por nós
Sede da sabedoria – Rogai por nós
Causa de nossa alegria – Rogai por nós
Vaso espiritual – Rogai por nós
Vaso honorífico – Rogai por nós
Vaso insigne de devoção – Rogai por nós
Rosa mística – Rogai por nós
Torre de Davi – Rogai por nós
Torre de marfim – Rogai por nós
Casa de ouro – Rogai por nós
Arca da aliança – Rogai por nós
Porta do céu – Rogai por nós
Estrela da manhã – Rogai por nós
Estrela da evangelização – Rogai por nós
Saúde dos enfermos – Rogai por nós
Relógio dos pecadores – Rogai por nós
Consoladora dos aflitos – Rogai por nós
Auxílio dos cristãos – Rogai por nós
Rainha dos anjos – Rogai por nós
Rainha dos patriarcas – Rogai por nós
Rainha dos apóstolos – Rogai por nós
Rainha dos mártires – Rogai por nós
Rainha dos confessores – Rogai por nós
Rainha das virgens – Rogai por nós
Rainha de todos os santos – Rogai por nós
Rainha concebida sem pecado original – Rogai por nós
Rainha assinta ao céu – Rogai por nós
Rainha do santo rosário – Rogai por nós
Rainha da paz – Rogai por nós
Rainha das Missões – Rogai por nós
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo – Perdoai-nos, Senhor
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo – Ouvi-nos, Senhor
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo – Tende piedade de nós
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus – Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
OREMOS:
Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações para que conhecendo a encarnação de Cristo, vosso Filho, cheguemos por sua paixão e cruz, á glória da ressurreição pela intercessão da Virgem Maria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
terça-feira, 2 de outubro de 2018
ELEIÇÕES: PARA QUEM VOTAR
Estamos no momento mais complicado da história política do Brasil. Temos uma eleição para seis cargos na esfera federal e estadual: Presidente, dois Senadores, Deputado Federal, Governador e Deputado Estadual. Temos que escolher seis nomes dentre vários que se colocaram à disposição nesta eleição. Mas em quem votar? É a grande dúvida de grande parte dos brasileiros. A CNBB que é a organização dos Bispos da Igreja Católica no Brasil publicou uma cartilha de orientação para essas eleições, a CNBB não impõe nada, ela simplesmente faz uma orientação para a hora do voto baseado nos princípios evangélicos.
1 . Precisamos de bons políticos: O Papa Francisco disse ao políticos latino-americano: “Precisamos de políticos que anteponham o bem comum aos seus interesse privados” . Isso quer dizer que precisamos de políticos que vivam com paixão o seu serviço ao povo.
2 . Premissa: A Igreja Católica e a CNBB não tem identidade ideológica com nenhum partido político, mas tem comprometimento com a política, “pois a política tem a ver com a paz a justiça e cuida da vida de uma cidade, de um povo inteiro e da humanidade” (Cartilha de Orientação Política, p. 2).
3. Preocupações: Os Bispos colocam cinco preocupações para essa eleição:
– Crise Ética: estamos vivendo uma crise ética bem acentuada no Brasil, a ética regula os relacionamentos entre as pessoas e as instituições, mas para a ética funcionar é necessário que sejamos todos justos, honestos e respeitosos com seus semelhantes. Uma pergunta que temos que nos fazer antes de votar: As minhas atitudes são justas e honestas?
– Ameaças à democracia: a nossa democracia é jovem em relação a vários países, e sempre está caminhando na corda bomba. A Constituição coloca com um ponto importante para a democracia que nós temos o direito de escolher os nossos representantes diretamente. E a escolha precisa observar os políticos que utilizem os recursos públicos para o bem comum e não para privilegiar um grupo político ou bancadas parlamentares. Uma ameaça grande a democracia é a venda de votos, tanto aquele que compra como o que vende voto são corruptos. Sejamos todos defensores da democracia, como? Não votando em quem participa de bancadas políticas que tem como objetivo se beneficiarem politicamente e economicamente; não vendendo seu voto e denunciando o político que tentar comprá-lo; não votando em candidatos que propõem um regime diferente da democracia, como a volta da ditadura, em candidatos contra a democracia.
– Corrupção: “A política está a serviço do bem comum. A corrupção pública , ao invés, é roubo daquilo que é comum : os recursos públicos.” (Cartilha de Orientação, p. 5). A CNBB já vem orientando o povo brasileiro deste de 2016 sobre esse tema, os Bispos nos dizem que temos que banir a corrupção, que assola nosso país deste sua independência, envolvendo agentes públicos, políticos e empresários. “Nestas eleições, não seja conivente com a corrupção. Não vote em candidatos que tenham atos corruptos comprovados pela justiça.” Cartilha de Orientações, p. 6). Pergunta: O que você está fazendo para eliminar a corrupção?
– Acirramento da polarização: “É preocupante o discurso de ódio e de mútua intolerância que se instaurou entre as denominadas esquerda e direita.” (Cartilha de Orientações, p. 7). Neste quesito temos que respeitar os valores da convivência democrática, promovendo o debate político com serenidade e tolerância. Podemos colocar nossa opinião e até se manifestar em quem votar, mas não podemos em hipótese alguma xingar candidatos, ou pessoas que pensem diferente, ou , ainda, que utilizem roupas de uma determinada cor. Pergunta: Você tem atitudes fanáticas? Sabe dialogar pacificamente com quem pensa diferente?
– Sinais de Esperança: “Alegres por causa da esperança” (Rm 12,12) ‘é o título da cartilha. Trata-se da esperança cristã, que nos faz acreditar num futuro com mais ética e justiça.’ (Cartilha de Orientações, p. 8). Todos temos esperança de mudanças, para melhor, no âmbito político e econômico, e para isso o momento requer uma renovação no Congresso. A Lei da Ficha Limpa veio para barrar os políticos corruptos comprovados pela justiça, mas mesmo assim tem candidatos que conseguem se candidatar através de liminares, mesmo sendo condenados em segunda instância, por isso não adianta nada eu gritar contra a corrupção e votar nesses candidatos já condenados. Temos que nos organizar para cobrarmos mais honestidade e transparência de quem vai ser eleito. “Enfim, o grande protagonista das mudanças que o Brasil precisa é o povo, é você!” (Cartilha de Orientações, p. 8).
4. Em quem votar?
A Cartilha faz algumas orientações práticas de como escolher um candidato:
– Tenha interesse pela política;
– Escolha candidato que tenha boa índole;
– Conheça o Estatuto do Partido ao qual pensa em votar;
– Procure conhecer a história e o programa de governo dos seus candidatos;
– Uma pergunta pertinente: QUAL É O PROJETO DO CANDIDATO EM QUE PRETENDO VOTAR? ESTE CANDIDATO ESTÁ COMPROMETIDO COM QUEM? QUE EXPECTATIVAS POSSO TER EM RELAÇÃO A ELE?
5. Vote em quem…
– tenha valores cristão;
– tenha competência política e capacidade de liderança;
– defenda a vida;
– defenda a família;
– tenha comprometimento com as causas dos mais necessitados;
– tenha atitude de respeito com os demais candidatos;
– apresenta coerência entre as palavras e a prática;
6. Não vote em quem…
– é desonesto;
– tenta comprar seu voto;
– faz da política uma profissão;
– Apresenta atitude agressivas, tanto físicas como oralmente;
– muda frequentemente de partido, sempre conforme suas conveniências;
– é arrogante, demagogo, apresenta-se bem, mas não possui propostas efetivas;
– atenta contra a vida dos pobres e sua dignidade;
– ameaça a matar ou expulsar seus adversários do Brasil;
– vai contra os valores colocados por Jesus Cristo nos Evangelhos, como: paz, justiça, amor, compreensão e perdão.
Por fim não deixe de votar, escolha seu candidato, sua ausência enfraquece a democracia. Boa eleição a todos.
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
CATEQUESE... SOBRE O QUE ESTAMOS FALANDO?
Catequese... Sobre o que estamos falando? É o título do sucesso editorial religioso do momento. Em vinte dias esgotou-se a primeira edição de acordo com a Editora Vozes. O livro foi escrito por Débora Regina Pupo, atual Coordenadora de Catequese do Regional Sul II. Mas por que estou escrevendo um artigo sobre esse livro? Porque o tema é de suma importância para todos e todas as catequistas.
O livro nos leva a refletir sobre o que não é catequese e o que é catequese. Ao responder essas questões a pessoa responderia o seguinte: catequese não é aula, catequese não é palestra, catequese não é falatório; catequese é são encontros semanais, catequese é obrigação da Igreja, catequese é fazer a Primeira Comunhão e Crisma.
Mas o que é catequese mesmo? Catequese vai muito além do que está descrito acima. Catequese é fazer ressoar, mas ressoar o quê? De acordo com Débora Regina Pupo: “A tarefa da catequese, portanto, é fazer eco a mensagem recebida do alto: a Boa Nova anunciada por Jesus de Nazaré.” (Catequese... Sobre o que Estamos Falando, p. 10). O catequista, a ser convidado para a missão de catequizar, “é chamado a fazer ressoar a Palavra de Deus em todo lugar, especialmente junto aos seus catequizandos.” (Débora, p. 11).
Para o catequista obedecer esse chamado precisa aproximar-se da palavra de Deus, é preciso fazer da Bíblia o eco da Palavra de Jesus Cristo. A catequese faz a mediação do encontro do cristão com a pessoa de Jesus Cristo, “...embora o caráter de instrução [da catequese] seja forte, não se trata de transmitir conteúdos, mas de apresentar uma Pessoa, de conduzir os catequizandos a se aproximarem de Jesus, de fazer eco a um amor imenso que não mede esforços para alcançar a todos”. (Débora, p. 11).
Outro ponto importante para todos que aceitam essa importante missão é conhecer o processo histórico da catequese, conhecer a evolução histórica da catequese e como aconteceu essa evolução. A formação pessoal dentro da missão aceita é de suma importância para evitar-se o erro de repetir ações fora do contexto atual.
A autora, para melhor compreendermos o que é catequese, aborda três aspectos importantes:
- Catequese como educação da fé: para melhor entender esse item temos que antes entender o que é fé. Depois de entendido o que é fé, podemos ter melhor compreensão do que é e qual o objetivo da catequese: “Entende-se, assim, que a fé é uma resposta, a catequese é a educação da fé e vamos à catequese para conhecer Jesus, que traz uma proposta de amizade ao catequizando.” (Débora, p. 14)
- Catequese como doutrina cristã: primeiro o cristão adere a fé através do encontro pessoal com Cristo. E a doutrina cristã o orientará para o caminho a seguir, através da doutrina a pessoa conhecerá os ensinamentos de Cristo e da Igreja. “Pode-se dizer que ensinar a doutrina é apontar aos catequizandos por onde caminhar. Para isso, o catequista precisa ter um amplo, e atualizado, conhecimento da doutrina para não cair em fundamentalismo.” (Débora, p. 15).
- Catequese orgânica e sistemática: a catequese necessita de um itinerário, um caminho, um processo, isso é catequese orgânica. A catequese necessita ser, também ordenada, constante, contínuo, isso é catequese sistemática. “Podemos dizer que se trata de um conceito voltado para o fazer. Uma vez orgânico está relacionado ao ser da catequese enquanto ação educativa, o sistemático está relacionado com o fazer da catequese enquanto continuidade. Por essa razão, é preciso atenção aos métodos, aos conteúdos e às atividades. (Débora, p. 17).
Por tudo isso é importantíssimo todos nós catequistas debruçarmos sobre esse livro e estudarmos juntamente com nossos colegas os temas apresentados neste livro. E vou além: sugiro que, esse estudo, não fique restrito somente aos catequistas e que seja oferecido a todas as pastorais, pois todos nós que fazemos parte de alguma pastoral temos a missão de catequizar. E vou mais além ainda: sugiro o estudo pelos padres também, pois eles são os primeiros catequistas de uma comunidade.
Referência: PUPO, Débora Regina. Catequese... Sobre o que estamos falando? Petrópolis, Vozes, 2018.
O livro nos leva a refletir sobre o que não é catequese e o que é catequese. Ao responder essas questões a pessoa responderia o seguinte: catequese não é aula, catequese não é palestra, catequese não é falatório; catequese é são encontros semanais, catequese é obrigação da Igreja, catequese é fazer a Primeira Comunhão e Crisma.
Mas o que é catequese mesmo? Catequese vai muito além do que está descrito acima. Catequese é fazer ressoar, mas ressoar o quê? De acordo com Débora Regina Pupo: “A tarefa da catequese, portanto, é fazer eco a mensagem recebida do alto: a Boa Nova anunciada por Jesus de Nazaré.” (Catequese... Sobre o que Estamos Falando, p. 10). O catequista, a ser convidado para a missão de catequizar, “é chamado a fazer ressoar a Palavra de Deus em todo lugar, especialmente junto aos seus catequizandos.” (Débora, p. 11).
Para o catequista obedecer esse chamado precisa aproximar-se da palavra de Deus, é preciso fazer da Bíblia o eco da Palavra de Jesus Cristo. A catequese faz a mediação do encontro do cristão com a pessoa de Jesus Cristo, “...embora o caráter de instrução [da catequese] seja forte, não se trata de transmitir conteúdos, mas de apresentar uma Pessoa, de conduzir os catequizandos a se aproximarem de Jesus, de fazer eco a um amor imenso que não mede esforços para alcançar a todos”. (Débora, p. 11).
Outro ponto importante para todos que aceitam essa importante missão é conhecer o processo histórico da catequese, conhecer a evolução histórica da catequese e como aconteceu essa evolução. A formação pessoal dentro da missão aceita é de suma importância para evitar-se o erro de repetir ações fora do contexto atual.
A autora, para melhor compreendermos o que é catequese, aborda três aspectos importantes:
- Catequese como educação da fé: para melhor entender esse item temos que antes entender o que é fé. Depois de entendido o que é fé, podemos ter melhor compreensão do que é e qual o objetivo da catequese: “Entende-se, assim, que a fé é uma resposta, a catequese é a educação da fé e vamos à catequese para conhecer Jesus, que traz uma proposta de amizade ao catequizando.” (Débora, p. 14)
- Catequese como doutrina cristã: primeiro o cristão adere a fé através do encontro pessoal com Cristo. E a doutrina cristã o orientará para o caminho a seguir, através da doutrina a pessoa conhecerá os ensinamentos de Cristo e da Igreja. “Pode-se dizer que ensinar a doutrina é apontar aos catequizandos por onde caminhar. Para isso, o catequista precisa ter um amplo, e atualizado, conhecimento da doutrina para não cair em fundamentalismo.” (Débora, p. 15).
- Catequese orgânica e sistemática: a catequese necessita de um itinerário, um caminho, um processo, isso é catequese orgânica. A catequese necessita ser, também ordenada, constante, contínuo, isso é catequese sistemática. “Podemos dizer que se trata de um conceito voltado para o fazer. Uma vez orgânico está relacionado ao ser da catequese enquanto ação educativa, o sistemático está relacionado com o fazer da catequese enquanto continuidade. Por essa razão, é preciso atenção aos métodos, aos conteúdos e às atividades. (Débora, p. 17).
Por tudo isso é importantíssimo todos nós catequistas debruçarmos sobre esse livro e estudarmos juntamente com nossos colegas os temas apresentados neste livro. E vou além: sugiro que, esse estudo, não fique restrito somente aos catequistas e que seja oferecido a todas as pastorais, pois todos nós que fazemos parte de alguma pastoral temos a missão de catequizar. E vou mais além ainda: sugiro o estudo pelos padres também, pois eles são os primeiros catequistas de uma comunidade.
Referência: PUPO, Débora Regina. Catequese... Sobre o que estamos falando? Petrópolis, Vozes, 2018.
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
SINAL DA CRUZ
Como falar e ensinar o sinal da cruz para os catequizandos e catequizandas?
Antes de falarmos e ensinarmos o sinal da cruz, precisamos entender qual e o verdadeiro significado deste ato para nós cristãos católicos.
Nos cristãos católicos temos o hábito de utilizarmos o sinal da cruz para pedir proteção e quando vamos fazer nossas orações, quando assistimos uma partida de futebol vemos muitos jogadores, ao entrar no campo, fazer o sinal da cruz, com certeza você já fez muitas vezes em sua vida esse sinal. Mas, talvez, você, os jogadores e muitos que fazem o sinal da cruz , o fazem sem saber o seu verdadeiro significado.
Historicamente a prática do sinal da cruz remonta a um padre da Igreja chamado Tertuliano, que viveu no século III. Em um dos seus escritos, chamado De Corona Milits (Os Soldados), se encontra a seguinte descrição sobre o sinal da cruz: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, lavamo-nos e iniciamos as refeições, quando vamos nos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz”.
Santo Hipólito de Roma fala o seguinte: “Durante a tentação, fazei piedosamente, na fronte, o sinal da cruz, pois este é o sinal da Paixão reconhecidamente provado contra o demônio, desde que feito com fé e não para vos exibir diante dos homens, servindo eficazmente como um escudo. O adversário, vendo quão grande é a força que sai do coração do homem que serve o Verbo (pois mostra o sinal interior do Verbo projetado no exterior), fugirá imediatamente, repelido pelo Espirito que está no homem.” (Tradição do Apóstolos, 42).
Esses dois relatos comprovam que o sinal da cruz é uma prática do cristão católico deste o século III.
Em relação ao significado tem vários:
1 – Ao traçarmos o sinal da cruz sobre o nosso corpo, estamos afirmando três verdades fundamentais de nossa fé: Deus, que é Uno e Trino, a Encarnação de Jesus e sua morte na cruz;
2 - Ao dizermos Em nome do Pai, do Filho e Do Espirito Santo professamos a fé na Santíssima Trindade;
3 – Ao iniciarmos o gesto colocando os dedos na cabeça e descendo para o estômago, estamos declarando nossa fé na Encarnação de Jesus por meio do ventre de Maria Santíssima;
4 - Quando completamos o sinal da cruz: cabeça, estômago, ombro esquerdo e ombro direito, fazemos o forma da cruz em nosso corpo;
5 – Existe o significado popular: a cruz na testa é para Deus nos livrar de todos os maus pensamentos, na boca é para livrar das más palavras e no peito para Deus nos livrar das más ações.
O Catecismo da Igreja Católica diz o seguinte:
- O sinal da cruz assinala a marca de Cristo naquele que vai lhe pertencer e significa a graça da redenção que Cristo nos proporcionou por sua cruz. (CIC, n. 1235);
- Quando o cristão começa seu dia, suas orações e suas ações com o sinal da cruz – Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém, ele dedica a jornada à glória de Deus e invoca a graça do Salvador, que lhe possibilita agir no Espírito como filho do Pai. O sinal da cruz nos fortifica nas tentações e nas dificuldades. (CIC, n. 2157).
Professor Felipe Aquino, no livro sobre os sacramentos, apresenta o significado litúrgico do sinal da cruz. “A cruz na testa lembra que o Evangelho deve ser entendido, estudado, conhecido; a cruz nos lábios lembra que o Evangelho deve ser proclamado, anunciado (missão de todo cristão); e a cruz no peito, à altura do coração, indica-nos que o Evangelho, acima de tudo, deve ser vivido, pregado e testemunhado por todos os que acreditam na ressurreição de Cristo.”
Agora que sabemos o significado, historicamente, teologicamente e popularmente, do sinal da cruz, podemos explicar esses significados aos nossos catequizandos e catequizandas. Podemos dizer ainda:
- O sinal da cruz não é só um gesto que se faz na Igreja, mas sim uma verdadeira oração;
- É o sinal de Jesus. Na cruz ele nos salvou. É igualmente o sinal dos cristãos;
- É uma forma de invocar a proteção do Altíssimo. É um diálogo com Deus.
E por fim ensina como fazer esse sinal: com a mão direita, começa na testa e fala Em nome do Pai, depois coloca a mão no estômago e fala do Filho, e continua no ombro esquerdo e depois no direito e fala e do Espírito em um lado e Santo do outro lado, depois ajunta as mãos e fala Amém.
Antes de falarmos e ensinarmos o sinal da cruz, precisamos entender qual e o verdadeiro significado deste ato para nós cristãos católicos.
Nos cristãos católicos temos o hábito de utilizarmos o sinal da cruz para pedir proteção e quando vamos fazer nossas orações, quando assistimos uma partida de futebol vemos muitos jogadores, ao entrar no campo, fazer o sinal da cruz, com certeza você já fez muitas vezes em sua vida esse sinal. Mas, talvez, você, os jogadores e muitos que fazem o sinal da cruz , o fazem sem saber o seu verdadeiro significado.
Historicamente a prática do sinal da cruz remonta a um padre da Igreja chamado Tertuliano, que viveu no século III. Em um dos seus escritos, chamado De Corona Milits (Os Soldados), se encontra a seguinte descrição sobre o sinal da cruz: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, lavamo-nos e iniciamos as refeições, quando vamos nos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz”.
Santo Hipólito de Roma fala o seguinte: “Durante a tentação, fazei piedosamente, na fronte, o sinal da cruz, pois este é o sinal da Paixão reconhecidamente provado contra o demônio, desde que feito com fé e não para vos exibir diante dos homens, servindo eficazmente como um escudo. O adversário, vendo quão grande é a força que sai do coração do homem que serve o Verbo (pois mostra o sinal interior do Verbo projetado no exterior), fugirá imediatamente, repelido pelo Espirito que está no homem.” (Tradição do Apóstolos, 42).
Esses dois relatos comprovam que o sinal da cruz é uma prática do cristão católico deste o século III.
Em relação ao significado tem vários:
1 – Ao traçarmos o sinal da cruz sobre o nosso corpo, estamos afirmando três verdades fundamentais de nossa fé: Deus, que é Uno e Trino, a Encarnação de Jesus e sua morte na cruz;
2 - Ao dizermos Em nome do Pai, do Filho e Do Espirito Santo professamos a fé na Santíssima Trindade;
3 – Ao iniciarmos o gesto colocando os dedos na cabeça e descendo para o estômago, estamos declarando nossa fé na Encarnação de Jesus por meio do ventre de Maria Santíssima;
4 - Quando completamos o sinal da cruz: cabeça, estômago, ombro esquerdo e ombro direito, fazemos o forma da cruz em nosso corpo;
5 – Existe o significado popular: a cruz na testa é para Deus nos livrar de todos os maus pensamentos, na boca é para livrar das más palavras e no peito para Deus nos livrar das más ações.
O Catecismo da Igreja Católica diz o seguinte:
- O sinal da cruz assinala a marca de Cristo naquele que vai lhe pertencer e significa a graça da redenção que Cristo nos proporcionou por sua cruz. (CIC, n. 1235);
- Quando o cristão começa seu dia, suas orações e suas ações com o sinal da cruz – Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém, ele dedica a jornada à glória de Deus e invoca a graça do Salvador, que lhe possibilita agir no Espírito como filho do Pai. O sinal da cruz nos fortifica nas tentações e nas dificuldades. (CIC, n. 2157).
Professor Felipe Aquino, no livro sobre os sacramentos, apresenta o significado litúrgico do sinal da cruz. “A cruz na testa lembra que o Evangelho deve ser entendido, estudado, conhecido; a cruz nos lábios lembra que o Evangelho deve ser proclamado, anunciado (missão de todo cristão); e a cruz no peito, à altura do coração, indica-nos que o Evangelho, acima de tudo, deve ser vivido, pregado e testemunhado por todos os que acreditam na ressurreição de Cristo.”
Agora que sabemos o significado, historicamente, teologicamente e popularmente, do sinal da cruz, podemos explicar esses significados aos nossos catequizandos e catequizandas. Podemos dizer ainda:
- O sinal da cruz não é só um gesto que se faz na Igreja, mas sim uma verdadeira oração;
- É o sinal de Jesus. Na cruz ele nos salvou. É igualmente o sinal dos cristãos;
- É uma forma de invocar a proteção do Altíssimo. É um diálogo com Deus.
E por fim ensina como fazer esse sinal: com a mão direita, começa na testa e fala Em nome do Pai, depois coloca a mão no estômago e fala do Filho, e continua no ombro esquerdo e depois no direito e fala e do Espírito em um lado e Santo do outro lado, depois ajunta as mãos e fala Amém.
quarta-feira, 1 de agosto de 2018
CELEBRAÇÃO VOCACIONAL
AGOSTO – MÊS VOCACIONAL
Essa celebração foi feita para ser celebrada com os catequizandos e catequizandas, mas pode ser utilizada por outras pastorais ou movimentos ou por quem quer rezar pelas vocações.
AMBIENTAÇÃO: no espaço onde vai ser feita a celebração dispor as cadeiras de forma oval, no meio uma mesa com toalha e um vaso de flores, onde vai ser colocado os símbolos de cada vocação.
ORAÇÃO INICIAL
Dirigente: No mês de agosto comemora-se as vocações, esse momento da Igreja nos faz refletir a importância da vocação, nos levando a descobrir nosso papel e nosso compromisso com a Igreja e a sociedade. A partir do momento em que tomamos consciência, ela precisa nos levar à ação, vivenciando no dia-a-dia o chamado que o Pai nos faz.
Leitor 1: É um pedido de Jesus que rezemos pelas vocações, pois “A messe é grande, mas os operários são poucos”. Roguemos pelas vocações sacerdotais, consagradas. E rezemos também, de modo especial, nesse ano do Laicato, pelos leigos e leigas de nossa diocese. Queremos lembrar carinhosamente, nesse momento, de todos os catequistas da nossa diocese!
Dirigente: Que cada um de nós proclame o nome de Jesus Cristo ao mundo, fazendo com que Deus seja amado e glorificado. Fiquemos em pé e façamos o sinal do cristão:
Todos: Em nome do Pai...
Dirigente: Rezemos a oração que o Senhor nos ensinou, na intenção do Papa Francisco e dos Bispos.
Todos: Pai Nosso...
1ª Ave Maria: Pela Vocação Sacerdotal
Leitor 2: Então Jesus se aproximou e disse aos apóstolos: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. Eis que estou convosco, todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28, 18-20)
Dirigente: Rezemos pelos padres.
Todos: Ave Maria...
2ª Ave Maria: Reflexão sobre a Vocação Sacerdotal (Entra a estola)
Leitor 3: O sacerdote age em nome de Cristo e é seu representante dentro daquela comunidade. Ao padre compete a responsabilidade pela espiritualidade de todos. Sua missão é contribuir para a edificação e crescimento da comunidade de forma que ela torne-se cada vez mais atuante e verdadeira na vivência do Evangelho. Ave Maria...
3ª Ave Maria: Pela Vocação Familiar
Leitor 4: O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (Coríntios 13,4-7).
Dirigente: Rezemos pelas famílias.
Todos: Ave Maria...
4ª Ave Maria: Reflexão sobre a Vocação Familiar (traz as alianças)
Leitor 5: Em tempos de violência e perda de valores, a valorização da família é essencial para a sociedade como um todo. A família é chamada por Deus a ser testemunha do amor e da fraternidade, colaboradora da obra da Criação. O pai e a mãe são os educadores dentro da família, os dois tem a missão de conduzir os filhos nos caminhos de Cristo, fazendo do lar um local de amor, compaixão e harmonia. Ave Maria...
5ª Ave Maria: Pela Vocação Religiosa
Leitor 6: Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quiser vir após mim. Renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la, mas quem perder a sua vida por amor a mim, há de encontrá-la” (Mt 16,24-25).
Dirigente: Rezemos para todos os religiosos e religiosas.
Todos: Ave Maria...
6ª Ave Maria: Reflexão sobre a Vocação Religiosa (Entra as sandálias)
Leitor 7: Os religiosos e religiosas são homens e mulheres que consagraram suas vidas a Deus e ao próximo. Desta vocação brotam carismas e atuações que enriquecem nossas comunidades com pessoas que buscam viver verdadeiramente seus votos de castidade, obediência e pobreza. São testemunhos vivos do Evangelho. Ave Maria...
7ª Ave Maria: Pela Vocação do Leigo e da Leiga
Leitor 8: “Vós sois o sal da terra, e, se o sal for insípido, com que há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5.13-16).
Dirigente: Rezemos por todos os leigos e leigas.
Todos: Ave Maria...
8ª Ave Maria: Reflexão sobre a Vocação do Leigo e da Leiga (Entra o sal e a luz)
Leitor 9: Os leigos e leigas são pessoas que, entre família e afazeres, dedicam-se aos trabalhos pastorais e também missionários. Os leigos atuam como colaboradores dos padres na catequese, na liturgia, nos ministérios de música, nas obras de caridade e nas diversas pastorais existentes. Ave Maria...
9ª Ave Maria: Pela Vocação do Catequista
Leitor 10: Jesus lhes disse: “As raposas tem tocas e os pássaros têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (Lc 9,58). “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é digno de mim” (Lc 9,62).
Dirigente: Rezemos pelos catequistas.
Todos: Ave Maria...
10ª Ave Maria: Reflexão sobre a Vocação do Catequista (Entra a Bíblia e o livro de catequese)
Leitor 11: Jesus chama os catequistas a se entregarem radicalmente ao serviço do Reino. É preciso que estejamos atentos. É um chamado exigente, inquietante; exige procurar constantemente o olhar de Jesus na sua Palavra e no fundo de nossos corações; exige encontrar Nele, a cada dia, o sentido da vida, o desapego aos apelos do mundo e ao próprio eu; exige discernimento e resposta constantemente.
Todos: Maria, que disseste “sim” ao chamado de Deus, rogai por nós e por todos os catequistas de nossa diocese. Rogai para que não olhemos para trás. Que sejamos perseverantes e, inspirados pelo Espírito Santo, respondamos o nosso “sim” de cada dia, a fim de que possamos ser dignos de tão grande dom. Ave Maria...
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo:
Assim como era no princípio, agora e sempre, Amém!
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém!
quinta-feira, 31 de maio de 2018
ERA UMA VEZ UMA VILA - HISTÓRIA 5: ERA UMA VEZ... O LOBISOMEM DA VILA
Os lobisomens são criaturas místicas, são personagens de muitas lendas. O lobisomem é um ser meio homem, meio animal, parecido com lobo ou cachorro grande, tem relatos que diz que andam de pé, outros que andam de quatro. Em todos os relatos trata-se de seres agressivos, irracionais e apreciadores da carne humana, sempre atacam ao cair da noite de lua cheia.
A vila também tem uma história de lobisomem, posso dizer que é uma história trágica. Vamos a ela.
A pacata Vila de repente se tornou um caus. Num sábado, após uma missa à noite, todos conversavam animadamente, de repente a conversa foi interrompida por m gritos de uma criança vindo da floresta atrás da igreja. Alguns homens saíram correndo na direção dos gritos, o Romântico da Vila com sua lanterna correu mais ligeiro que os outros e chegou antes até a criança que gritava. Quando chegou seus olhos se arregalaram ao ver um animal devorando a criança, infelizmente a criança já estava morta, os intestinos estavam pra fora e o animal, que no escuro parecia ser um cachorro muito grande, com os olhos vermelhos, comia rosnando para o Romântico não chegar perto.
Enquanto os outros iam chegando e se assustavam com a cena, o Romântico pegou um galho de árvore e começou a bater no animal, que assustado com as batidas e com as luzes das lanternas saiu correndo, alguns homens correram atrás, mas não conseguiram alcançá-lo.
No outro dia pela manhã, no velório da criança todos comentavam o caso. O Jornal da Vila disse:
- Isso é um ataque de um lobisomem, essa desgraça chegou até nossa vila, temos que descobrir quem é que está se transformando em lobisomem.
Todos começarem a falar juntos dizendo que isso era uma loucura, mas que se fosse verdade precisavam eliminar a pessoa que era lobisomem. Um começou olhar para o outro com olhares desconfiados. O Romântico da Vila vendo que todos estavam bastante mexidos com o que a Jornal falou interveio:
- Calma gente, não é lobisomem, isso é lenda, provavelmente é um cachorro grande ou um lobo.
- Cachorro grande? Lobo? Como? Ninguém na vila tem cachorro tão grande e não existe lobo em nossas florestas. É lobisomem sim e temos que caçá-lo – gritou um homem irritado.
De repente uma voz no fundo da sala grita alto:
- É o seu Clarão o lobisomem, eu vi ele rondando o meu galinheiro e todos nós sabemos que lobisomem gosta de comer bosta de galinha.
Ficou um silêncio na sala... Mas vou parar nesse momento para falar sobre o seu Clarão.
O seu Clarão era um senhor de uns 50 anos, neto de escravos, homem forte, trabalhador, estava sempre pronto para qualquer serviço: carpir, limpar jardim, limpar patente (casinha onde as pessoas faziam as necessidades), cortar lenha. Ninguém sabia de onde ele veio, morava num casebre perto do rio sozinho, não tinha família, gostava muito de brincar com as crianças e as crianças gostavam dele, principalmente das histórias que ele contava do tempo da escravidão no Brasil, histórias contadas pelo seus pais e seus avôs.
Voltando ao velório. Ainda estavam discutindo sobre o assunto, alguns queriam ir até o casebre de seu Clarão, mas o Romântico da Vila convenceu eles a pensarem melhor no assunto. A criança foi enterrada e todos foram para a casa pensando no assunto e assustado com o que poderia acontecer à noite, pois era somente a segunda noite de lua cheia.
Na segunda noite de lua cheia ninguém saiu de casa, os moradores da vila estavam com muito medo. As ruas estavam desertas, as luzes das casas apagadas, todos foram dormir cedo. Houve muito barulho durante a noite: era bezerro nas chácaras berrando, muitos latidos dos cachorros, muitos cocoricós das galinhas e galos nos galinheiros.
Mas duas pessoas resolveram sair de casa: o Safadinho da Vila e o seu Clarão. O Safadinho marcou um encontro com a menina mais bonita da vila na esquina da casa dela, mas ela não veio, pois estava com medo de sair.
Safadinho chegou no horário marcado, ele ouviu um barulho, perguntou:
- Amor é você?
Não obteve resposta, somente ouviu um rosnado, tipo de um cachorro, depois ouviu um uivo bem alto, como se tivesse um lobo bem ali do lado dele. Após o uivo ele sentiu uma patada no rosto e com impacto no chão desmaiou.
Quando se acordou estava num casebre, olhou para todo lado, estava sentindo muitas dores pelo corpo e muito cansado, logo adormeceu. Pela manhã acordou e percebeu que estava na casa do seu Clarão. No começo se assustou porque ouviu comentários de que ele era o lobisomem. Seu clarão disse a ele:
- Não precisa ter medo, pois não sou eu o lobisomem, como dizem na vila. Eu te salvei de dois lobos, pode ter certeza eram dois lobos enormes, se eu demorasse mais um pouco você já era. Que loucura é essa de sair a noite de casa?
Safadinho não respondeu, mas fez uma pergunta:
- Porque você saiu de casa à noite?
- Acabou minha pinga e eu fui ver se o armazém estava aberto, como todos estavam com medo dentro de casa o armazém estava fechado, na volta ouvi o uivo do lobo, estava perto, como a lua cheia estava bem forte no céu, eu consegui enxergar um dos lobos te atacar, peguei uma vara e consegui atropelar os dois lobos, mas você levou uma mordida no braço, fiz curativo.
Seu Clarão parou de falar e viu o no rosto de Safadinho o medo e desconfiança do que ele contou. Ele disse a Safadinho:
- Agora você tem que tomar café que eu vou te levar pra casa.
Ao chegar na casa dos pais de Safadinho ele foi atacado pelo pai dele, onde gritava:
- Lobisomem desgraçado, o que você fez com meu filho?
Seu clarão tentava se defender, O Romântico da Vila estava na casa do pai do Safadinho e tirou ele de cima de Seu Clarão, pedindo calma. Com essa atitude, seu clarão conseguiu explicar o que aconteceu, mas o pai estava transtornado e atropelou seu Clarão, dizendo pra ele não chegar perto de sua família. O Romântico disse ao seu Clarão:
- Vá para casa e não saia de lá enquanto resolvemos isso.
À tarde todos se reuniram no pavilhão da Igreja para tentarem resolver a situação. O pai de Safadinho queria que fossem até a casa de seu Clarão para prendê-lo e mata-lo. Romântico dizia que não poderiam fazer isso, mas descobrir o que estava atacando as pessoas e os animais, pois na manhã encontraram muitos animais mortos que serviram de alimento a algum ser faminto.
O pai de Safadinho foi mais incisivo e conseguiu convencer a todos irem até a casa do seu Clarão. Foram até em casa e pegaram vários tipos de armas: facão, enxada, foice, arma de fogo.
Foram até perto do rio e pegaram o seu Clarão, ele pedia misericórdia, pois não tinha feito nada de errado. Muitos gritavam morte ao lobisomem. O seu Clarão só não foi morto ali mesmo porque chegou a tempo o delegado que teve que dar um tiro para o alto, assim todos ficaram quietos e prestaram atenção nele.
- Ninguém vai matar ninguém aqui, vou levá-lo e investigar essa história.
Os homens ficaram brabos com o Romântico, porque foi ele que chamou o delegado. Os homens raivosos foram todos pra frente da subdelegacia pedir para o delegado entregar o lobisomem pra eles.
- Entregue ele pra nós, queremos justiça. – Gritavam com raiva.
Romântico apareceu e disse a eles:
- Tenham calma, se ele for o lobisomem, que eu acho que não é, ele irá se transformar essa noite novamente. Se isso acontecer podem pegar ele fazer o que quiserem.
Com isso eles ficaram calmos e todos foram para casa.
Chegou a noite novamente, a terceira de lua cheia. Todos os moradores foram pra frente da subdelegacia, porque queriam ver a transformação. O delgado trouxe o seu Clarão na frente de todos, mas longe o suficiente pra que nada de mal acontece. A lua cheia brilhava linda, estava no seu auge, grande que dava a noção de que poderíamos tocá-la. Todos estavam atentos, de repente começaram a ouvir uns uivos alto, todos gritaram e se estremeceram de medo, olharam para o seu Clarão, ele continuava no mesmo lugar com a mesma forma humana que sempre teve.
Na frente deles apareceu dois animais enormes, começaram a gritar:
- São dois lobisomens, socorro! - e muitos saíram correndo. Os que ficaram ouviram dois tiros e viram os dois animais caírem. Um gritou bem alto:
- Atacar!
Todos se lançaram em cima dos dois animais com enxadas, foices e facões. Mataram os dois e nem ouviram o grito de duas pessoas que estavam atrás pedindo para eles pararem. Depois que terminaram com a carnificina, houve um grande silêncio e todos esperavam que os dois lobisomens voltassem à forma humana, mas isso não aconteceu, atrás deles dois homens desesperados foram empurrando a todos pedindo licença e se jogaram em cima dos dois animais dizendo:
- Vocês estão loucos? Eram dois lobos que fugiram do trem que estava passando por aqui. Estavam sendo levados para o zoológico.
Todos ficaram espantados e chateados, não pela morte dos dois lobos, mas pelo que eles poderiam ter feito com o seu Clarão.
Seu Clarão foi solto e continuou a viver sua vida do mesmo modo que antes, só que agora tinha muitos amigos que o visitavam para ouvir suas histórias, principalmente as crianças. Mas como toda história tem dois lados, até hoje tem gente que diz que o seu Clarão é lobisomem e ataca toda noite de lua cheia.
sexta-feira, 11 de maio de 2018
ERA UMA VEZ UMA VILA - HISTÓRIA 4 - ERA UMA VEZ O JORNAL DA VILA
ERA UMA VEZ O JORNAL DA VILA
Toda Vila tem um jornal (pra não chamar de fofoqueira, porque é uma palavra um pouco ofensiva, vou chamar essa personagem de jornal da Vila). Esse jornal é uma pessoa que sabe da vida de cada um da Vila, que sabe quem chega, quem sai (pois mora em frente ao ponto de ônibus da Vila). Quando vê um da Vila saindo grita de sua janela, o ponto do jornal:
Compadre já está indo receber o pagamento? Ou:
Fulano já está deixando a mulher com os filhos pra cair na esbórnia. Ou:
Queridinho estava estudando ou estava torrando o dinheiro que seu pai dá pra
você?
Quando vê um forasteiro (assim que ela chamava as pessoas que ela não conhecia) já perguntava:
Está procurando alguém? É algum cobrador? Quem está devendo para você?É
delegado de polícia? Veio prender alguém? O que ele fez? Me conte, me conte…
Não dava tempo nem da pessoa responder. O forasteiro cansava e desistia de responder e ia fazer o que tinha que fazer, deixando o jornal da Vila com suas próprias interpretações. E o jornal da Vila interpretava muito bem (na verdade imaginava muito bem), mas essas imaginações tornavam-se reais e espalhavam-se pela Vila como um rastilho de pólvora.
O povo da Vila dizia que ela tinha parte com o demo. Uma senhora, já no seus 80 anos (se dizia amiga dela), ia além e contava para todos:
Não se meta com o jornal da Vila, pois ela me mostrou um livro de magia, me
disse que recebeu do próprio demo. Com esse livro ela descobriu uma botija de ouro debaixo de uma árvore.
Os netos dessa senhora com idade avançada, mas lúcida para contar história, perguntou a ela:
Vó quem enterrou essa botija?
E a vovó se remexia em sua cadeira de balanço, dava uma baforada em seu cachimbo, soltava a fumaça, olhava para essa fumaça como se as histórias estivessem contidas ali através de imagem, e contava:
Dizem que aconteceu uma guerra nessas terras, eles chamaram de Guerra do
Contestado. Morreu muita gente, as pessoas tropeçavam nos corpos caído no chão, crianças órfãs vagavam sem destino por essas matas. Muita gente tinha dinheiro, ouro, jóias. Para não perderem esse riqueza para os saqueadores, eles enterravam debaixo de uma árvore, para que depois que terminasse a guerra tivessem algum dinheiro para recomeçar. Muitos morreram e como suas almas não conseguiram se desapegar dos bens materiais ficavam vagando embaixo da árvore, bem em cima da cova onde estava enterrado a riqueza. E só com esse livro que o jornal da Vila tem que se consegue achar. E o jornal achou e ficou bem de vida, não precisou trabalhar nunca, por isso tem bastante tempo de cuidar da vida dos outros.
Toda Vila tem um jornal (pra não chamar de fofoqueira, porque é uma palavra um pouco ofensiva, vou chamar essa personagem de jornal da Vila). Esse jornal é uma pessoa que sabe da vida de cada um da Vila, que sabe quem chega, quem sai (pois mora em frente ao ponto de ônibus da Vila). Quando vê um da Vila saindo grita de sua janela, o ponto do jornal:
Compadre já está indo receber o pagamento? Ou:
Fulano já está deixando a mulher com os filhos pra cair na esbórnia. Ou:
Queridinho estava estudando ou estava torrando o dinheiro que seu pai dá pra
você?
Quando vê um forasteiro (assim que ela chamava as pessoas que ela não conhecia) já perguntava:
Está procurando alguém? É algum cobrador? Quem está devendo para você?É
delegado de polícia? Veio prender alguém? O que ele fez? Me conte, me conte…
Não dava tempo nem da pessoa responder. O forasteiro cansava e desistia de responder e ia fazer o que tinha que fazer, deixando o jornal da Vila com suas próprias interpretações. E o jornal da Vila interpretava muito bem (na verdade imaginava muito bem), mas essas imaginações tornavam-se reais e espalhavam-se pela Vila como um rastilho de pólvora.
O povo da Vila dizia que ela tinha parte com o demo. Uma senhora, já no seus 80 anos (se dizia amiga dela), ia além e contava para todos:
Não se meta com o jornal da Vila, pois ela me mostrou um livro de magia, me
disse que recebeu do próprio demo. Com esse livro ela descobriu uma botija de ouro debaixo de uma árvore.
Os netos dessa senhora com idade avançada, mas lúcida para contar história, perguntou a ela:
Vó quem enterrou essa botija?
E a vovó se remexia em sua cadeira de balanço, dava uma baforada em seu cachimbo, soltava a fumaça, olhava para essa fumaça como se as histórias estivessem contidas ali através de imagem, e contava:
Dizem que aconteceu uma guerra nessas terras, eles chamaram de Guerra do
Contestado. Morreu muita gente, as pessoas tropeçavam nos corpos caído no chão, crianças órfãs vagavam sem destino por essas matas. Muita gente tinha dinheiro, ouro, jóias. Para não perderem esse riqueza para os saqueadores, eles enterravam debaixo de uma árvore, para que depois que terminasse a guerra tivessem algum dinheiro para recomeçar. Muitos morreram e como suas almas não conseguiram se desapegar dos bens materiais ficavam vagando embaixo da árvore, bem em cima da cova onde estava enterrado a riqueza. E só com esse livro que o jornal da Vila tem que se consegue achar. E o jornal achou e ficou bem de vida, não precisou trabalhar nunca, por isso tem bastante tempo de cuidar da vida dos outros.
sexta-feira, 4 de maio de 2018
ERA UMA VEZ UMA VILA - HISTÓRIA 3 - ERA UMA VEZ BRINCADEIRAS INDÍGENAS
A aldeias estavam prontas: Aldeia Calico e Aldeia Sen. Os indígenas todos vestidos a caráter para a guerra que estava preste a começar.
A Aldeia Calico ficava próximo ao campo de futebol, onde tinha muita samambaia, os membros dessa tribo fizeram ocas com galhos de árvores e samambaias secas.
A Aldeia Sen ficava perto do riacho, onde tinha uma grama alta seca, as ocas eram cobertas com essa grama.
Os líderes das duas aldeias fizeram as regras da guerra: ninguém podia se machucar, as flechas teriam que ser sem pontas, não brincar com fogo, cuidar ao subir nas árvores, ter segurança para voar de cipó.
A brincadeira de guerra começou com as crianças da Vila. Era uma alegria só, mesmo aqueles que se fingiam de morto davam muita risada. Era flechada pra cá, era flechada para lá; de repente um bando de crianças vestidos de tangas, feitas pelas suas mães, voavam alegres, com os cabelos negros, loiros, brancos e ruivos, arrepiados pelo vento, gritando numa alegria só.
A Aldeia Calico estava ganhando a batalha. A aldeia Sen pediu uma trégua para redirecionar sua estratégia. E aí a coisa ficou complicada.
Um dos meninos da Aldeia Sen disse que, se quisessem ganhar, teriam que fazer uma coisa mais radical, como quebrar algumas regras. O líder disse que não, pois tinham que ganhar sendo justos, era melhor perder do que ser injusto.
Mas, quando uma criança é birrenta, é difícil controlar.
Na aldeia Calico todos estavam descansando tomando uma água fresca para terem fôlego no final da batalha. O irmãozinho do líder, de 4 anos, que não poderia participar, por causa da idade, de tanto insistir estava na brincadeira, mas seu irmão disse que ele tinha que ficar dentro da oca.
O menino birrento da Aldeia Sen resolveu levar sua ideia radical adiante. Colocou fogo numa tocha e foi escondido para a Aldeia Calico. Chegou próximo à oca da aldeia e colocou fogo na samambaia seca. A oca estava em chamas em pouco tempo. O líder se desesperou e começou a gritar: “Meu irmãozinho está lá dentro, socorro!!!”.
A irmã mais velha do líder ouviu os gritos e saiu correndo em direção à oca, entrando nela, pegou o irmão ligeiro e saiu correndo. Os dois tiveram algumas queimaduras leves, mas sobreviveram e só ficou na lembrança esse triste episódio.
Depois disso as crianças foram proibidas de brincar de índio, mas vocês sabem como são os meninos, só foi passar uns meses e eles começaram a brincar novamente, com duas novidades: com muito mais regras e com uma nova personagem: Tarzan.
quinta-feira, 26 de abril de 2018
ERA UMA VEZ UMA VILA - HISTÓRIA 2 - ERA UMA VEZ UM BEIJO
Inocente está com seus 9 anos de idade, loirinho, cheio de sardas, serelepe, e muito bobinho em certos assuntos..
Safadinho, também com 9 anos, loirinho, sem sardas, mais serelepe que Inocente e já bem espertinho para as coisas do coração.
Os dois eram grandes amigos, moravam numa pequena vila, estavam sempre juntos: na escola, nos rios, nas lamas, nas correrias, nas brincadeiras de Tarzan e de índio.
Safadinho se apaixonou pela menina mais bonita da escola e, podem ter certeza, a mais bonita da Vila, pelo menos para ele. Depois da aula ele se reunia com o Inocente e falava somente da menina mais linda, só que, apesar dele já ter se apaixonado por várias meninas, nunca beijou, e isso estava lhe afligindo muito, ele tinha que beijar a menina mais linda.
Os dois se encontravam atrás da Igreja após a missa de domingo, lógico por pouco tempo, porque os pais dos dois já chamavam para irem embora. Mas nesses encontros curtos ele tentava beijá-la e não conseguia, na hora H faltava coragem, ele pensava: “vai que eu acabe mordendo ela, e se ela não gostar, e se alguém nos vê, e se...”.
Com todo esse receio ele pediu ajuda para Inocente..
- Inocente, você tem que me ajudar, pergunte ao seu irmão mais velho como se beija? Ele já deve ter beijado muito.
Inocente concorda e vai perguntar ao seu irmão. Para tirar sarro deles. o irmão ensinou alguns passos de beijos para os dois:
1 – Você tem que começar beijando uma laranja, mas tem que ser bem romântico, tem que passar a língua na laranja;
2 – Treinar no espelho, beijando-se a si mesmo na imagem, cuide para não se apaixonar por você mesmo;
3 – Pegue um sapo ou uma rã e beije a boca dele, se for fêmea é melhor, se for macho cuide para que não se transforme em príncipe porque senão você terá que casar com ele;
4 – O quarto passo e último é mais complicado: você terá que treinar em alguém, como é difícil encontrar uma menina para treinar, tem que fazer o treino com seu amigo
Safadinho escreveu tudo num papel e começou com os primeiros passos. O primeiro foi fácil, mas como as laranjas eram muito cheirosas e apetitosas, as primeiras ele não resistiu: nas primeiras tentativas de beijo, ele descascava com os dentes mesmo e comia toda a laranja. No espelho ele se achava, como um narcisista, ele esqueceu do conselho do irmão de Inocente de não se apaixonar por ele mesmo, tanto que na sala de aula, pensando em sua imagem no espelho, tentava se beijar e fazia barulhos com a boca, os alunos e a professora ficavam olhando para ele assustados.
No terceiro passo começou a complicar: beijar um sapo? Como achar uma sapa? Mas a vontade de beijar a menina mais linda era tão grande que ele encarou esse desafio. Achou um sapo perto do ribeirão, com a ajuda de Inocente conseguiu pegar o sapo, não sabia identificar se era macho ou fêmea, e disse:
- Vai esse mesmo, hoje eu aprendo a beijar.
- Mas tem o quarto passo – disse Inocente..
Safadinho olhou para o sapo, o sapo olhou para ele e começou a coaxar. Ele levou um susto e acabou soltando o sapo, mas conseguiram pegar outro. E lá foi Safadinho, boca aberta, sapo na mão, foi se aproximando e os lábios de um se encontrou com o do outro, os dois se assustaram, ele pensou: “Que coisa gelada!”, o sapo também pensou: “Que coisa quente!”e com o susto ele soltou o sapo e o bicho fugiu rápido.
Depois de tudo isso faltava somente o 4º passo, como fazer? O melhor amigo que tinha era Inocente, mas provavelmente não queria nem saber disso. A insistência foi tão grande que Inocente disse que faria, mas só uma vez. E lá foram os dois, Safadinho fechou os olhos e começou a se aproximar dos lábios de Inocente, no pensamento dele ele dizia: “É a menina mais linda, é a menina mais linda...”. Quando os dois estavam bem perto o irmão de Inocente que assistiu a todos os passos escondido, se rolando de rir, interrompeu, dizendo que não precisava fazer isso, que ele estava pronto para beijar..
sexta-feira, 20 de abril de 2018
ERA UMA VEZ UMA VILA - HISTÓRIA 1 - ROMÂNTICOS E SONHADORES DA VILA
Era uma vez uma Vila, uma vila pequena como tantas outras num país chamado Brasil. Essa vila tinha muitas pessoas interessantes. Eu nasci nesta Vila, sou o nono filho de dez que meu pai e minha mãe tiveram em seus 40 anos de casados. E é sobre eles que escreverei primeiro. Eles eram um casal sonhador e romântico.
Eram tempos difíceis. A Vila, como todo o Brasil, estava sob um regime político ditatorial através de um governo militar. Meu pai não se conformava com as injustiças impostas por esse governo. Lutava muito para a Vila ter uma escola decente, apesar de não ter muito estudo, pois estudou somente até a segunda série primária, e sua esposa, minha mãe, estudou até a terceira série primária, mas achavam muito importante seus filhos e as outras crianças da Vila estudarem. Ele era o Presidente do grupo de pais da escola, e muitas vezes tentava fazer os pais se manifestarem juntamente com ele, pedindo melhoria na qualidade da educação, na melhoria do prédio escolar e outras melhorias para a Vila. Muitas vezes o delegado de polícia, que era compadre de meu pai, aparecia em casa para ameaçar meu pai e minha mãe, ele dizia ao meu pai que era melhor eles se acalmarem senão vinha a polícia do exército e levaria os dois, se isso acontecesse como ficaria os seus filhos? Nós, filhos, ficávamos escondidos num quarto ouvindo tudo, os mais novos, como eu, choravam com medo de perder os pais. Mas meu pai sabia que o delegado, seu compadre era gente boa e não ia seguir adiante com as ameaças.
Meu pai era também presidente da Igreja, ele e minha mãe eram muito religiosos, eram devotos da Sagrada Família, iam todos os domingos na missa e levavam seus filhos. Era muito legal ir de mãos dadas com meus pais para a missa, após a missa tinha o almoço de domingo, apesar de sermos pobres, pois meu pai era ferroviário e não ganhava lá muito bem, tinha carne, geralmente de galinha ou porco que minha mãe criava com a ajuda dos meus irmãos mais velhos, era uma festa o domingo, alguns domingos tinha até gasosa.
Mas um dia aconteceu o que todos nós temíamos: veio a polícia do exército e levou meu pai. Nós choramos muito, imploramos que não levassem nosso pai, mas não adiantou. Ele ficou preso durante um mês, minha mãe chorava muito, pois sentia a falta de seu amado e também se preocupava muito com o que poderia acontecer com ele. Foi um mês muito difícil para todos nós, mas quando meu pai voltou foi uma festa, apesar de ele estar muito magro e debilitado.
Meu pai contava para nós, após o término da ditadura militar, o que essa “polícia” fez com ele: foi amarrado num tal de pau de arara, levou choque elétrico na genitália, até urina ele teve que tomar, e o que eles queriam de meu pai? Que ele falasse quem estava por trás de reivindicações simples, como uma escola melhor, médico para atender na Vila, estradas melhores. Meu pai dizia que não tinha ninguém, porque não tinha mesmo.
Meu me contou outra história que me aterrorizou e me aterroriza até hoje: “Eu estava numa sala com mais dois presos no DOPS em São Paulo, quando chegou o chefão fardado e nos disse: ‘Estou com os filhos de vocês, três lindas crianças, o mais novo tem 1 ano e oito meses, o do meio tem 4 anos e o mais velho tem 9 anos, se vocês não abrirem a boca e não entregarem seus amigos “terroristas” vamos dar choques neles. Vamos lá onde se escondem seus amigos?’ Eu gritava e dizia a eles que não tinha nenhum amigo “terrorista”, cada vez que eu dizia eles davam choque numa criança que gritava de dores. Nós três não conseguíamos ver as crianças, mas as idades das crianças batia certinho com filhos que tínhamos. Os outros também estavam chorando muito pois também não sabiam de amigos nenhum. E o chefão fardado com um outro fardado torturavam aquelas crianças. Sempre havia três choros diferentes, até que um choro se calou, ouvimos o chefão fardado dizer: ‘Droga o de um ano e oito meses morreu’. O preso que estava ao meu lado se desesperou e começou a gritar e se debater, as mãos dele ficaram ensanguentadas, pois estava amarradas bem firme, os dois fardados começarem a bater nele com um porrete até que ele se calou, também havia morrido igual a seu filho. Eu e outro preso chorávamos baixinho e pedíamos misericórdia pelos nosso filhos. O chefão fardado voltava a dizer: ‘Querem misericórdia então abram a boca. Se não abrirem a boca o choque agora vai ser no saco de seus filhos e no pintinho deles.’ Nós novamente dissemos que não sabíamos de nada. E eles deram os choques novamente e as outras duas crianças também morreram. Eu fiquei me remoendo de culpa por meu filho ter morrido porque eu poderia ter mentido e entregue qualquer um dos meus amigos, mas não tive coragem. Só quando voltei que vi que não era meu filho que havia morrido, ao mesmo tempo me senti alegre e aliviado por meus filhos estarem ali vivos e com saúde, mas também fiquei e fico às vezes desesperado por saber quem eram aquelas crianças, três pais e três mães ficaram sem filhos.”
Meu pai contou essas e muitas outras histórias terríveis.Eles acabarem liberando meu pai porque se convenceram que realmente meu pai era um sonhador isolado que não ia conseguir muita coisa.
Meu pai mudou um pouco, mas continuou firme em suas reivindicações, algumas coisas ele conseguiu: foi construído um novo prédio escolar de madeira, um posto de saúde com médico uma vez por semana.
Meu pai era um contador de histórias e nos contava muitas histórias, uma que achei interessante e que me deixava com medo era essa: “Ele disse que foi pescar, até aí tudo bem, era feriado, não estava trabalhando, mas era sexta-feira santa, e esse dia tinha que ser respeitado, não podia gritar, não se ouvia rádio, se comia pouco, era um dia de reflexão e luto, pois nesse dia se lembrava da morte de Jesus Cristo. Mas meu pai, apesar dos protestos de minha mãe foi pescar. Quando terminou de pescar já estava escuro. Voltando para casa, no meio do caminho alguma coisa pegou na sua canela. Ele tentava andar e não conseguia, uma mão segurava e puxava sua perna. Ele perguntou que o estava segurando, uma voz disse que queria saber o que ele estava fazendo. Meu pai disse que tinha ido pescar e que estava voltando para casa. A voz meio cavernosa, disse que ele estava abusando de um dia tão importante e por isso teria que ir com ele. Meu pai implorava, mas nada adiantava pois a mão que segurava sua perna era forte e estava o puxando para dentro de um buraco. Ele começou a implorar e pedir misericórdia para Deus. Quando estava com a metade das pernas no buraco, ele conseguiu dar um coice na cara da coisa e se virando para o buraco viu a cara da coisa e se arrepiou todo de medo, porque era muito amedrontador. Mas essa coisa hipnotizava as pessoas e meu pai ficou olhando fixo para a cara da coisa, mesmo sendo aterrorizante olhar e a coisa dizia: ‘Venha para o buraco comigo’. Mas meu pai conseguiu acordar e antes da coisa o pegar novamente se levantou e saiu correndo, chegou em casa todo arrepiado fechando todas as portas e janelas.” Depois desse dia nunca mais meu pai brincou com o dia da Paixão de Cristo.
Meu pai e minha mãe foram muito felizes nesta Vila, tiveram uma família numerosa, contribuíram com o crescimento das pessoas desta Vila, e em 1985 tiveram uma das suas grandes alegrias: o fim da ditadura militar, onde participaram ativamente do movimento das “diretas já” que acabou com 20 anos de ditadura, e quando eles votaram pela primeira vez para presidente ficaram tão alegres que tiraram até uma foto, apesar de terem sido enganados pelo “Caçador de Marajá” Fernando Collor de Melo.
Eram tempos difíceis. A Vila, como todo o Brasil, estava sob um regime político ditatorial através de um governo militar. Meu pai não se conformava com as injustiças impostas por esse governo. Lutava muito para a Vila ter uma escola decente, apesar de não ter muito estudo, pois estudou somente até a segunda série primária, e sua esposa, minha mãe, estudou até a terceira série primária, mas achavam muito importante seus filhos e as outras crianças da Vila estudarem. Ele era o Presidente do grupo de pais da escola, e muitas vezes tentava fazer os pais se manifestarem juntamente com ele, pedindo melhoria na qualidade da educação, na melhoria do prédio escolar e outras melhorias para a Vila. Muitas vezes o delegado de polícia, que era compadre de meu pai, aparecia em casa para ameaçar meu pai e minha mãe, ele dizia ao meu pai que era melhor eles se acalmarem senão vinha a polícia do exército e levaria os dois, se isso acontecesse como ficaria os seus filhos? Nós, filhos, ficávamos escondidos num quarto ouvindo tudo, os mais novos, como eu, choravam com medo de perder os pais. Mas meu pai sabia que o delegado, seu compadre era gente boa e não ia seguir adiante com as ameaças.
Meu pai era também presidente da Igreja, ele e minha mãe eram muito religiosos, eram devotos da Sagrada Família, iam todos os domingos na missa e levavam seus filhos. Era muito legal ir de mãos dadas com meus pais para a missa, após a missa tinha o almoço de domingo, apesar de sermos pobres, pois meu pai era ferroviário e não ganhava lá muito bem, tinha carne, geralmente de galinha ou porco que minha mãe criava com a ajuda dos meus irmãos mais velhos, era uma festa o domingo, alguns domingos tinha até gasosa.
Mas um dia aconteceu o que todos nós temíamos: veio a polícia do exército e levou meu pai. Nós choramos muito, imploramos que não levassem nosso pai, mas não adiantou. Ele ficou preso durante um mês, minha mãe chorava muito, pois sentia a falta de seu amado e também se preocupava muito com o que poderia acontecer com ele. Foi um mês muito difícil para todos nós, mas quando meu pai voltou foi uma festa, apesar de ele estar muito magro e debilitado.
Meu pai contava para nós, após o término da ditadura militar, o que essa “polícia” fez com ele: foi amarrado num tal de pau de arara, levou choque elétrico na genitália, até urina ele teve que tomar, e o que eles queriam de meu pai? Que ele falasse quem estava por trás de reivindicações simples, como uma escola melhor, médico para atender na Vila, estradas melhores. Meu pai dizia que não tinha ninguém, porque não tinha mesmo.
Meu me contou outra história que me aterrorizou e me aterroriza até hoje: “Eu estava numa sala com mais dois presos no DOPS em São Paulo, quando chegou o chefão fardado e nos disse: ‘Estou com os filhos de vocês, três lindas crianças, o mais novo tem 1 ano e oito meses, o do meio tem 4 anos e o mais velho tem 9 anos, se vocês não abrirem a boca e não entregarem seus amigos “terroristas” vamos dar choques neles. Vamos lá onde se escondem seus amigos?’ Eu gritava e dizia a eles que não tinha nenhum amigo “terrorista”, cada vez que eu dizia eles davam choque numa criança que gritava de dores. Nós três não conseguíamos ver as crianças, mas as idades das crianças batia certinho com filhos que tínhamos. Os outros também estavam chorando muito pois também não sabiam de amigos nenhum. E o chefão fardado com um outro fardado torturavam aquelas crianças. Sempre havia três choros diferentes, até que um choro se calou, ouvimos o chefão fardado dizer: ‘Droga o de um ano e oito meses morreu’. O preso que estava ao meu lado se desesperou e começou a gritar e se debater, as mãos dele ficaram ensanguentadas, pois estava amarradas bem firme, os dois fardados começarem a bater nele com um porrete até que ele se calou, também havia morrido igual a seu filho. Eu e outro preso chorávamos baixinho e pedíamos misericórdia pelos nosso filhos. O chefão fardado voltava a dizer: ‘Querem misericórdia então abram a boca. Se não abrirem a boca o choque agora vai ser no saco de seus filhos e no pintinho deles.’ Nós novamente dissemos que não sabíamos de nada. E eles deram os choques novamente e as outras duas crianças também morreram. Eu fiquei me remoendo de culpa por meu filho ter morrido porque eu poderia ter mentido e entregue qualquer um dos meus amigos, mas não tive coragem. Só quando voltei que vi que não era meu filho que havia morrido, ao mesmo tempo me senti alegre e aliviado por meus filhos estarem ali vivos e com saúde, mas também fiquei e fico às vezes desesperado por saber quem eram aquelas crianças, três pais e três mães ficaram sem filhos.”
Meu pai contou essas e muitas outras histórias terríveis.Eles acabarem liberando meu pai porque se convenceram que realmente meu pai era um sonhador isolado que não ia conseguir muita coisa.
Meu pai mudou um pouco, mas continuou firme em suas reivindicações, algumas coisas ele conseguiu: foi construído um novo prédio escolar de madeira, um posto de saúde com médico uma vez por semana.
Meu pai era um contador de histórias e nos contava muitas histórias, uma que achei interessante e que me deixava com medo era essa: “Ele disse que foi pescar, até aí tudo bem, era feriado, não estava trabalhando, mas era sexta-feira santa, e esse dia tinha que ser respeitado, não podia gritar, não se ouvia rádio, se comia pouco, era um dia de reflexão e luto, pois nesse dia se lembrava da morte de Jesus Cristo. Mas meu pai, apesar dos protestos de minha mãe foi pescar. Quando terminou de pescar já estava escuro. Voltando para casa, no meio do caminho alguma coisa pegou na sua canela. Ele tentava andar e não conseguia, uma mão segurava e puxava sua perna. Ele perguntou que o estava segurando, uma voz disse que queria saber o que ele estava fazendo. Meu pai disse que tinha ido pescar e que estava voltando para casa. A voz meio cavernosa, disse que ele estava abusando de um dia tão importante e por isso teria que ir com ele. Meu pai implorava, mas nada adiantava pois a mão que segurava sua perna era forte e estava o puxando para dentro de um buraco. Ele começou a implorar e pedir misericórdia para Deus. Quando estava com a metade das pernas no buraco, ele conseguiu dar um coice na cara da coisa e se virando para o buraco viu a cara da coisa e se arrepiou todo de medo, porque era muito amedrontador. Mas essa coisa hipnotizava as pessoas e meu pai ficou olhando fixo para a cara da coisa, mesmo sendo aterrorizante olhar e a coisa dizia: ‘Venha para o buraco comigo’. Mas meu pai conseguiu acordar e antes da coisa o pegar novamente se levantou e saiu correndo, chegou em casa todo arrepiado fechando todas as portas e janelas.” Depois desse dia nunca mais meu pai brincou com o dia da Paixão de Cristo.
Meu pai e minha mãe foram muito felizes nesta Vila, tiveram uma família numerosa, contribuíram com o crescimento das pessoas desta Vila, e em 1985 tiveram uma das suas grandes alegrias: o fim da ditadura militar, onde participaram ativamente do movimento das “diretas já” que acabou com 20 anos de ditadura, e quando eles votaram pela primeira vez para presidente ficaram tão alegres que tiraram até uma foto, apesar de terem sido enganados pelo “Caçador de Marajá” Fernando Collor de Melo.
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