domingo, 31 de maio de 2020
O REINO DOS SACIS - CAPÍTULO II - A SERPENTE
No dia seguinte o pai convida a todos da casa para rastelar sapé. Ele pega um pouco de fumo do Tio P, caso apareça o saci novamente
A cada 6 meses o Pai, a Mãe, a Filha e o Filho precisam rastelar o sapé no potreiro, pois as vacas e os bois, ao se alimentarem da grama, podem aspirar a grimpa para dentro das narinas.
Eles desceram o potreiro até chegar perto das primeiras araucárias. Ao longe se ouvia o barulho da água da cachoeira Jacu. Essa cachoeira tem mais ou menos 100 metros de altura, ela é rodeada por uma mata verdíssima com várias espécies de árvores da Mata Atlântica, principalmente a araucária, árvore típica da região onde o Sítio são Gabriel está situado.
Enquanto conversavam e rastelavam o sapé apareceu como num passe de mágica uma grande serpente. Eles se assustaram e o Pai tentava espantar o monstro com o rastel. A cobra era grande, tinha olhos vermelhos, dois chifres na cabeça, dentes enormes, soltando uma língua dividida em duas na ponta para fora da boca, o corpo dela era todo cheio de escamas amarelos. Mas a serpente abriu a boca e engoliu inteiro o rastel. Única solução para a família foi sair correndo com a serpente em seu encalço. A serpente, com seu peso, ia derrubando muitas árvores. Eles correram em direção à cachoeira. Quando chegaram na cachoeira ficaram encurralados: dos lados a floresta densa, com muito nhapindá, impossível de adentrar, atrás o precipício com a água da cachoeira caindo feito um véu de noiva e a frente a serpente com aparência de fome, querendo devorá-los.
Filho, assustado, mas gostando muito da aventura diz a todos:
- Precisamos descer a cachoeira, vamos rápido.
Começaram a descer a cachoeira com cuidado, pois estava escorregadio. Estavam numa certa altura quando a serpente chegou no alto da cachoeira. Estavam fora do alcance da serpente, mas a bicha era esperta, enrolou a ponta da cauda numa pedra e se jogou cachoeira abaixo. Os quatro pararam de descer vendo o monstro chegar cada vez mais perto, mas para surpresa deles a serpente passou direto caindo no precipício. Todos estavam assustados e começaram a subir a cachoeira com muito cuidado, se pisassem em uma pedra frouxa podiam dizer adeus a vida. Todos se perguntavam o que aconteceu que a cobra passou direto por eles?
Ainda estavam longe do alto da cachoeira quando perceberam que a cobra estava subindo também. O Pai gritou:
- Vamos, mais rápido!
Todos começaram a subir mais rápido, o último da fila era o Pai, ele já podia sentir o bafo da cobra nos pés dele, quando o Filho chegou no alto da cachoeira, ajudou a Filha e a Mãe a subir e não conseguia ver o pai, ele começou a gritar:
- Pai, onde está você?
E nada do Pai, eles já estavam chorando quando viram a mão do Pai agarrar uma pedra, todos foram ajudar ele, mas atrás dele veio a cobra. E eles estavam novamente encurralados com a cobra bem a frente deles soltando a língua. Em vez da cobra atacar eles, ela falou:
- Vocês são a Família? Pois eu fui mandada para acabar com vocês, no meu mundo vocês são conhecidos como a Família Salvadora. Então se preparem, o meu Mestre vai ficar muito feliz quando eu vomitar seus ossos aos pés dele.
Depois de falar isso a cobra avançou para cima deles. Ao mesmo tempo começou um redemoinho na água e a Família sumiu nesse redemoinho, deixando a cobra assustada e decepcionada vendo eles desaparecerem. Ainda eles ouviram a cobra gritar:
- Na próxima eu pego vocês!
terça-feira, 26 de maio de 2020
O REINO DOS SACIS - CAPÍTULO I - O SACI
O Sítio São Gabriel é um lugar cheio de mistérios. Na subida de um morro tem um taquaral. Esse taquaral fica no meio de uma floresta, com árvores altas e belíssimas, fica escondidinho dentro da mata, só os moradores do Sítio sabem onde fica esse taquaral.
As pessoas que moram no Sítio são as seguintes: Papai , Mamãe , Filha , Filho, Tio P e uma parte da semana vem a Tia C. Na frente da casa do Sítio moram a Tia L, Tio G e o Primo S.
Quando as pessoas do Sítio São Gabriel passam perto do taquaral eles relatam que acontecem coisas estranhas, como: o chapéu voando da cabeça sem vento, some o cigarro da boca do Tio P, as pessoas caem sem mais nem menos.
Numa sexta-feira à tarde Papai e o Filho foram até a mata pegar uns pedaços de pau caído para lenha. Eles entraram na mata, ajuntaram os paus e levaram a primeira viagem. Na segunda viagem a mata escureceu de repente. Papai achou muito estranho porque era três horas da tarde e o sol estava bonito. Papai falou para o Filho:
- Vamos tomar cuidado, pois acho que essa escuridão é obra do Saci.
O Filho estava com muito medo e correu para se agarrar nas pernas do Papai. Quando o Papai terminou de falar ouviu-se um barulhão e um redemoinho de fumaça. O Filho e o Papai estavam muito assustados. De dentro da fumaça apareceu um jovem pulando de uma perna só com um cachimbo na boca e dando muita risada e já foi pedindo:
- Para passar por mim tem que me dar fumo.
- Se nós não tivermos fumo o que acontece? - Perguntou Papai.
- Vou levar vocês para o Reino dos Sacis. – Respondeu o Saci.
O Filho ficou com mais medo e disse:
- Vamos correr Papai!
Ele tentou correr, mas uns cipós parecidos com taquara se enrolaram nas pernas dele não deixando ele se mexer.
- Socorro Papai, estou preso. – Gritou o Filho.
Papai implorou e o Saci resolveu atendê-lo, mas advertiu os dois dizendo:
- Vou deixar vocês irem, mas amanhã nesta mesma hora vocês terão que me trazer fumo.
Na mesma hora o Saci sumiu no redemoinho de vento. Papai e Filho voltaram para casa, contaram para os outros, mas ninguém acreditou porque a história era muito estranha.
Gostaram da História. Semana que vem tem mais.
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