Eu sou o Pajé Cajuru, sou da grande nação Tupi. Sempre conto uma lenda aos curumins da tribo. Essa lenda chegou até nós contada de boca em boca pelos meus ancestrais. A história é: “A Lenda do Jacaré”. Ela começa assim:
“O índio Piatã era um jovem bonito, saudável e muito alegre. Ele era brincalhão e todos na aldeia gostavam dele e se divertiam com suas histórias, principalmente os curumins.
Mas, como todo jovem bonito, ele despertava muita paixão nas índias. Piatã, porém, estava encantado pela índia Jandira, filha do guerreiro Iraí. Jandira era muito linda, com os cabelos negros, lisos e a pele morena. Tinha uma irmã mais velha, chamada Anauá, que gostava muito de Piatã. Anauá sabia do interesse de Piatã por Jandira e resolveu matar a irmã.
Anauá preparou uma armadilha para Jandira, na beira do grande rio: o Iguaçu, e convidou Jandira para irem lá, tomar banho. Jandira aceitou o convite.
Piatã viu as duas se dirigindo para o rio e as seguiu. Quando chegaram ao rio, Anauá levou Jandira para perto de um formigueiro de formigas venenosas e empurrou Jandira para cima do formigueiro. Jandira bateu a cabeça num galho e desmaiou. Não demorou muito, as formigas começaram a atacar Jandira. Piatã, vendo aquilo, saiu correndo para salvar a amada, mas tropeçou e, também batendo a cabeça, desmaiou e as formigas o atacaram. Assim, os dois morreram. Anauá se arrependeu e ficou desesperada pela morte de seu amado e de sua irmã.
A Mãe D'Água, vendo o desespero de Anauá, enfeitiçou-a, dizendo:
– Vou transformar você num jacaré e você vai proteger os rios da poluição provocada pelo homem. Enquanto houver rio sujo você não verá seu amado e sua irmã viva novamente.
Autor: Célio Reginaldo Calikoski